Tuesday, May 22, 2007

postal ilustrado do maputo - por: elisa santos

É bom voltar a Maputo, descobrir que tinha saudades da cidade. Passeio por ela e percebo que afinal já me mexo aqui como quem mora em casa.
Esta cidade é justa. Devia ser eleita a cidade mais justa de África, mesmo se são poucas as cidades de África que eu conheço.
Em Maputo respira-se porque as ruas são feitas para respirar: respira-se trânsito às 6 da tarde como às 6 da manhã. Respira-se frangipani e relva cortada, respira-se cheiro de gente em chapa repleto, chamuças fritas e por de sol em fim de dia.
Em Maputo vive-se porque as ruas foram feitas para viver: vive-se em prédios altos, nos quintais, em vivendas, nas barracas, nas esplanadas, na paragem, no passeio do jardim.
Em Maputo come-se porque as ruas foram feitas para comer: amendoim, caju acabado de descascar, alface, chuinga, banana, papaia, caranguejo, tomate, cacana, five roses, bolachas.
Em Maputo é-se porque as ruas foram feitas para se ser. É-se com toda a gente que passa. Com gente de cor, com gente sem cor, com gente de farda cinzenta, com gente sem roupa, com crianças da escola e mais velhos que pedem.

Entenda-se o que quero dizer!

Maputo é justa porque tudo o que é está em Maputo, sem ser preponderante, fazendo a cidade e não sendo a cidade.
Não há brancos demias nem negros demais, nem crianças ou velhos demais. Não há lixo demais, nem loucos a mais, nem pedintes demais. O próprio trânsito só é demais naquela hora em que é normal, não demais.
Nem os vendedores ocupam demais o espaço do passeio, nem o calor é demais porque há sempre uma sombra mais.

Maputo é justa.

Quando de novo aqui cheguei foi tudo suave como se eu não sentisse nada. E depois fui percebendo que a cidade me faltava e que eu não tinha dado por isso.

Esta sensação sim, é demais!

1 comment:

Anonymous said...

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