Friday, May 28, 2010
Tuesday, September 04, 2007
Monday, September 03, 2007
Serão os Polícias o maior perigo de Maputo?
Nos meus primeiros dias em Maputo, já quase há dois anos, estranhei a quantidade de armas que desavergonhadamente se mostravam a cada esquina. Nas mãos dos polícias, nas mãos dos guardas que dormem à porta dos prédios, nas mãos de bandidos, etc. Rapidamente me habituei a conviver com as velhas AK47 Kalashnikov conhecidas por serem fiáveis, certeiras e também por serem a arma que mais gente matou no mundo.
Durante o ano passado no entanto, nunca vi nenhuma disparar. Ouvi algumas vezes, mas nunca vi.
Ora o mesmo já não se pode dizer este ano... Amiga com carro alvejado, relatos e relatos de tiroteios, tiros à porta do restaurante, tiros na estrada, tiros nos passeios, tiros à porta do trabalho... hummm... começa a ser demais não?
Afinal estas velhas armas às quais me habituei tão descansado que eram só para fazer figura ainda disparam.
Hoje acrescentei mais uma experiência à minha lista de experiências exóticas: rajada de kalashikov numa rua escura dá boa luz. Ao contrario da maioria das experiências que junto nesta lista esta não é – de nenhum prisma – interessante ou divertida.
Ia a casa de uns amigos e seguindo por uma rua escura (a 100 metros da melhor zona da cidade) vi de relanço a sombra de policias a correr (pareceram me policias pelos chapéus). Escaldado com a “acção” dos últimos tempos intuitivamente travei forte e ao mesmo tempo sai uma rajada tiros. Marcha atrás, pé a fundo no acelerador e a pobre L200 arranca numa chiadeira digna de hollywood. Depois de me afastar um pouco faço uma inversão de marcha meio desajeitada (comparada com aquelas dos filmes americanos) mas de uma rapidez nunca experimentada, que roçou o capotanço, tangentes a árvores e violentos abanões ao galgar uns passeios. A arte da manobra mudou de sitio tudo o que estava dentro do carro (menos eu porque levava cinto de segurança). Cinco minutos mais tarde, depois de apanhar os óculos de sol e carteira caídos num canto, o telemóvel noutro e uma caixa de xiclas a custo descoberta debaixo de um banco ainda me tremiam as pernas e a voz. Sou um menino, eu sei...
Srs policias, se me estão a ouvir: armas automáticas não se podem disparar assim de animo leve, durante uma corrida atrás de um carteirista qualquer ok? Todos sabemos que os senhores andam com os nervos à flor da pele, que ganham um salário de miséria, etc. mas ha uma coisa que deviam (dica de leigo hã!) começar a ter em conta: danos colaterais!
Sunday, August 26, 2007
classicos - FACIM 2007
será mesmo por acaso que a bandeira portuguesa aparece tantas vezes "acidentalmente" hasteada ao contrário?
Thursday, August 23, 2007
"problema de transporte"
Bem se queixa a população de Maputo e com razão... Há pessoal que sai de casa às 4 da manhã para chegar ao trabalho às 7...
Se um chapa normalmente leva 23 pessoas sentadas, quantas levará este?
Monday, August 20, 2007
Saturday, August 18, 2007
Monday, August 13, 2007
Thursday, August 09, 2007
Monday, August 06, 2007
kruger national park
Já fui ao kruger várias vezes. Umas sete se bem me lembro... Fico sempre surpreso com a fauna de animais selvagens que é possível observar.
Deixem me lembrar os mais distraídos que a regra numero um do kruger park é que não se pode sair do carro. Teoricamente nem se pode expor qualquer parte do corpo fora do veiculo (tipo braços com uma maquina fotográfica...).
Depois acham estranho que volta e meia um leopardo, leão ou uma puff adder se lembrem de fazer estragos...
Friday, August 03, 2007
pérolas de moçambique IV
O problema surge quando já passam várias semanas e os semaforos velhos não são retirados... Mais um exemplo da eficiencia das autoridades moçambicanas quando se trata de zelar segurança... O assunto não é grave... qual é a pressa? Na mondlane, por exemplo, avenida que para alguns mais parece uma pista de corridas pois lá ultrapassam os 100km/h e que tem vários cruzamentos, qual é o problema de não se conseguir ver um semaforo?
(na realidade o problema não é muito grande, pois muitos também não os cumprem... mas ok...)
Tuesday, July 24, 2007
Rainbow nation? YEBO!
Estou há 45 minutos sentado numa esplanada de um shopping numa cidade sul africana. Observo. Apenas observo o passar das pessoas.
Passa uma família branca. Uma criança de uns 10 anos, feliz, salta pelo corredor fora. Tudo normal, não fosse o facto de estarmos em pleno Inverno austral a 600m de altitude e de ela ir descalça! Com esta imagem os meus pensamentos voam para a minha ideia dos sul africanos brancos... selvagens e espalhafatosos ou desinibidos e apaixonados? Livres ou oprimidos? Racistas ou será que nem por isso?
Rótulos à parte, eu vejo duas linhas no estereotipo do sul africano branco. São uma mistura curiosa. Claramente europeus na maneira como encaram os negócios, “we will make a plan” “we will grow this business no matter what!”, claramente british no modo como só se divertem quando se enfrascam forte e feio ao longo do fim de semana inteiro e claramente africanos pela forte ligação que sentem à terra! São os maiores fãs de campismo que conheci até à data e andam sempre descalços!
Em geral empreendedores e bem formados, surgem depois as variações, as tais das duas linhas do estereotipo. Uns gerem negócios flexíveis, viajam frequentemente por todo o país e mundo. Acreditam no Arco Íris e sentem-se estimulados pelos desafios que vivem. Muitos saíram cedo de casa e já passaram alguns anos pelo mundo a fazer um pouco de tudo! Outros, vivem aterrorizados pelo black empowerment, irados com o novo “pseudo-apartheid-comportamental-e-de-oportunidades”. Fazem a vida entre os condomínios “electrial-fences-armed-response-keep out-prossecuters-will-be-shot” e os shoppings. Pensam emigrar a curto médio prazo (foi o que já fez 25% da população branca nos últimos anos...)! Optimo, façam-no! Vão!
Tendo em consideração as voltas que o país tem dado nos últimos tempos... os desafios sociais, económicos e políticos em que vivem, que tudo é muito fresco, recente e que coisas assim não mudam de um dia para o outro, nem estão mal. O apartheid deixou muito ódio. Não fosse o grande Mandela apelar ao perdão como forma definitiva de liberdade e seguramente que ainda hoje as represálias seriam mais violentas. Para nós – resto do mundo – o apartheid parece longínquo, inverosímil, medieval... mas a realidade é outra. Mesmo os jovens ainda se lembram desse execrável regime. Ainda o viveram.
O país ajusta-se diariamente em condições de dinâmica ainda não estacionária. Essa reverberação sente-se... ainda.
Agora, apesar das (para mim) controversas e discutíveis medidas do black empowerment, facto é que estou aqui, a olhar para uma janela, uma amostra da sociedade deste país. Clientes do shopping brancos e pretos passam em frente dos meus olhos sem aparentes diferenças económicas. Nas lojas, nos bancos, restaurantes, oficinas,..., brancos e pretos trabalham lado a lado, etc. Óptimo! (pode parecer obvio que assim seja ao leitor europeu que desconhece este mundo, mas de facto, aqui, ainda recentemente não era assim...)
De repente: BUM! Mas?... Não pode ser... em vez de focar no individuo foco os grupos que passam. Parecem ser só brancos com brancos e pretos com pretos... durante 15 minutos perscruto o fluxo humano e efectivamente começo a desanimar... brancos com brancos, pretos com pretos... rrr...
Finalmente três miúdas passam alegremente cheias de sacos de compras. Uma branca, uma preta e uma indiana! Falam, riem, tudo normal! Curiosamente falam português. Mais 10 minutos passam sem que esta sociedade se mostre assim tão arco-íris como se quer mostrar ao mundo. Finalmente um casal de namorados, uns minutos depois, três amigos, depois uma tiâzorra toda british passa com um senhor de meia idade, traje formal e... africano! Afinal foi só susto! A rainbow nation está mesmo a começar a sê-lo! É uma questão de tempo, estou seguro disso!
Hamba South Afrika! Simunye! *
*Força África do Sul! Estamos juntos!
Thursday, June 14, 2007
emigrantes
"(...) Quero apenas estar, parar, respirar, ver os amigos de todos os dias e ver aqueles que há muito não vejo; comer peixe grelhado todos os dias; sair com o meu próprio carro e fazer quilómetros até me apetecer parar; mudar de praia de duas em duas horas; mergulhar; chegar a casa às dez da manhã depois de uma noitada e não perder as sardinhas, nem o arroz doce do Santo António! É isto tudo que eu quero!
Sendo assim como boa semi-emigrante que sou regresso à minha terrinha para um PORTUGAL SUMMER TOUR! (...)"
os que convivem comigo já tiveram oportunidade (leia-se infelicidade) de ver como tenho andado insuportável nestes últimos tempos...
só penso nas férias... e é mesmo o q a catarina escreve q eu sinto! não quero nada de muito glamouroso, nada de muito xpto... so quero a minha anterior vida de volta por 14 dias... puxa, como doí...
será que já sou emigrante a sério? eheheh!
Sunday, June 10, 2007
Friday, June 01, 2007
Sunday, May 27, 2007
Pátria Desabensonhada
Desta vez foi melhor ainda pois o amigo Abuchamo (conhecido na praça por buch!) que saiu durante a ano passado do anonimato para os anúncios da Mcel, resolveu não ficar pela publicidade, investir numas aulas de teatro e o resultado foi a sua estreia na peça Pátria Desabensonhada!
Desabensonhada é uma palavra tipicamente moçambicana. Cocktail de: Conseguir sonhar -> não conseguir sonhar -> desconseguir sonhar -> desconsonhar; e de: abençoada -> não abençoada -> desabençoada... sheik sheik mistura -> desabensonhada!
Tipicamente moçambicana é também a peça: divertida, mexida, ... e... dramática.
Depois de uma sucessão de peripécias “normais” há um ultimo sketch (não faço ideia se se pode usar o termo sketch em teatro... provavelmente não...) sobre a tragédia da explosão paiol. Esse sketch é extremamente triste. No fim da tragédia há indignação, raiva, vontade de responsabilizar, etc. e depois... numa rápida sucessão de passos - que incluem um cromo do governo a aparecer a dizer que vai haver indemnizações mensais de 850 meticais (25 euros) para as famílias das vitimas, de repente ja estão todos a rir e a dançar. E os Moçambicanos como dançam!
Foi muito estranho... a peça falou directamente de uma tragédia real, que assolou esta cidade há menos de 2 meses. Todos perderam alguém ou conhecem alguém que perdeu alguém. Todos viram e quase todos sofreram avultados prejuízos. Como é possível passados 2 minutos estarem todos a rir e a dançar?
Bem sei que é assim mesmo, todos reconhecemos ao povo africano a estóica capacidade de viver com alegria, de superar adversidades, etc. Afinal, tristezas não pagam dividas!
Mas não levará esta atitude a alguma desresponsabilização? Não levará esta atitude a algum facilitismo? Se calhar se houvesse um pouco mais de pressão e de responsabilização, o paiol não tivesse ardido duas vezes e 100 vidas tivessem sido poupadas... (afinal o paiol já tinha claramente avisado – uns meses antes - que estava prestes a explodir).
Friday, May 25, 2007
modo vagabundo
txi... ;-)
Thursday, May 24, 2007
áfrica é uma selva...
Tuesday, May 22, 2007
postal ilustrado do maputo - por: elisa santos
É bom voltar a Maputo, descobrir que tinha saudades da cidade. Passeio por ela e percebo que afinal já me mexo aqui como quem mora em casa.
Esta cidade é justa. Devia ser eleita a cidade mais justa de África, mesmo se são poucas as cidades de África que eu conheço.
Em Maputo respira-se porque as ruas são feitas para respirar: respira-se trânsito às 6 da tarde como às 6 da manhã. Respira-se frangipani e relva cortada, respira-se cheiro de gente em chapa repleto, chamuças fritas e por de sol em fim de dia.
Em Maputo vive-se porque as ruas foram feitas para viver: vive-se em prédios altos, nos quintais, em vivendas, nas barracas, nas esplanadas, na paragem, no passeio do jardim.
Em Maputo come-se porque as ruas foram feitas para comer: amendoim, caju acabado de descascar, alface, chuinga, banana, papaia, caranguejo, tomate, cacana, five roses, bolachas.
Em Maputo é-se porque as ruas foram feitas para se ser. É-se com toda a gente que passa. Com gente de cor, com gente sem cor, com gente de farda cinzenta, com gente sem roupa, com crianças da escola e mais velhos que pedem.
Entenda-se o que quero dizer!
Maputo é justa porque tudo o que é está em Maputo, sem ser preponderante, fazendo a cidade e não sendo a cidade.
Não há brancos demias nem negros demais, nem crianças ou velhos demais. Não há lixo demais, nem loucos a mais, nem pedintes demais. O próprio trânsito só é demais naquela hora em que é normal, não demais.
Nem os vendedores ocupam demais o espaço do passeio, nem o calor é demais porque há sempre uma sombra mais.
Maputo é justa.
Quando de novo aqui cheguei foi tudo suave como se eu não sentisse nada. E depois fui percebendo que a cidade me faltava e que eu não tinha dado por isso.
Esta sensação sim, é demais!
Sunday, May 20, 2007
FCP
Embora não ligue ponta de corno a futebol, não posso deixar de sentir algo ao ver a festa que se vive a 11.000km de Portugal... até um autocarro double decker descapotável anda pelas ruas com malta aos saltos a cantar, dançar e acenar bandeiras!
Thursday, May 17, 2007
orfanato de madre maria clara
e assim acontece, todas as quartas feiras, ma'rrrénato (eu!), mana leonor e mano joão lá vamos cumprir o nosso compromisso para com as meninas do orfanato: providenciar aulas de apoio ao estudo.
o projecto chama-se "ser humano", apoia-se em explicadores voluntários e foi desenvolvido pela TESE em conjunto com as irmãs que zelam pelo orfanato.
já começamos há dois meses e picos e está a ser uma optima experiência! as meninas são super dedicadas e respeitadoras.
para quem quiser apoiar este orfanato: http://casamariaclara.no.sapo.pt/
Tuesday, May 15, 2007
mistérios das arábias!
Os árabes escrevem e lêem da direita para a esquerda.
Nós escrevemos e lemos da esquerda para a direita.
Se nós usamos a numeração árabe e não são os árabes que usam a "nossa" numeração, porque é que os números são escritos e lidos da esquerda para a direita?
Imaginam a confusão que deve fazer estar a ler da direita para a esquerda (que já de si não deve ser fácil! ehehehe!) e depois quebrar o fluidez do movimento dos olhos para decifrar números que estão escritos ao contrário? Com números pequenos ainda é fácil, agora com números grandes deve ser - no mínimo - cansativo.
Sunday, May 06, 2007
pontos de vista
Só numa linha, como descreveriam o que é para vocês África?
Obrigado!
*. pensem no que vão responder antes de abrir a caixa dos comentários. para não influenciar...
Monday, April 30, 2007
Saturday, April 28, 2007
Thursday, April 26, 2007
ansiedades partilhadas
Copyright The Financial Times Limited
A friend of mine recently met a young American woman who was studying on a
Rhodes Scholarship at Oxford. She already had two degrees from top US
universities, had worked as a lawyer and as a social worker in the US, and
somewhere along the way had acquired a black belt in kung fu.
Now, however, her course at Oxford was coming to an end and she was
thoroughly angst-ridden about what to do next. Her problem was no ordinary
one. She couldn't decide whether:
1. she should make a lot of money as a
corporate lawyer/management consultant
2. devote herself to charity work
helping battered wives in disadvantaged communities
3. or go to Hollywood to
work as a stunt double in kung fu films.
What most struck my friend was not the disparity of this woman's choices,
but the earnestness and bad grace with which she ruminated on them. It was
almost as though she begrudged her own talents, opportunities and freedom
-as though the world had treated her unkindly by forcing her to make such a
hard choice.
Her case is symptomatic of our times. In recent years, there has grown up a
culture of discontent among the highly educated young, something that seems
to flare up, especially, when people reach their late 20s and early 30s. It
arises not from frustration caused by lack of opportunity, as may have
been true in the past, but from an excess of possibilities.
(...)
Whereas the early to mid-20s are seen as a time to establish one's mode of living, the late 20s to early 30s are often considered a period of reappraisal.
In a society where people marry and have children young, where financial burdens accumulate early, and where job markets are inflexible, such reappraisals may not last long. But when people manage to remain free of financial or family burdens , and where the perceived opportunities for alternative careers are many, the reappraisal is likely to be angst-ridden and long lasting.
Podem continuar o texto em:
http://livrosavoltadomundo.blogs.sapo.pt/24454.html
Não é que eu me considere elite nem nada de xpto\\GTI - aliás - nem me identifiquei com a maioria dos perfis mas achei piada a deparar com este texto e reconhecer imediatamente a ansiedade de que ele fala...
olá! pelos vistos não és só minha!
Thursday, April 19, 2007
bye bye martinha...
preocupado tento contactar a familia. uns dizem uma coisa, outros dizem outra. peço contactos (o telemóvel que lhe dei estava desligado...) dizem que hão de dar, mas nunca chegam...
ao fim de mais de duas semanas manda a seguinte mensagem de um numero sul africano:
"NEu ja quti mandei mesagem a dizer quando eu chegar a maputo vou vir entregar chave peco para quardar bem o cartao que esta dentro do telfone aque. martinha"
ligo-lhe, a perguntar o que se passou.
-"foste raptada?" "estás doente?"
nada disso...
-"vim para africa do sul com umas amigas. uma aventura"
-"mas porque é que não me avisaste? tive problemas por não saber onde andavas. se pedisses eu tinha te dado férias." (se bem que ela teve 2 meses de férias - dezembro e janeiro).
- "ahh... é uma aventura"
- "bastava teres telefonado..."
- "ahhh..."
num país com um desemprego prai de 70% (o oficial é 90%), uma mãe solteira de 28 anos perde um emprego onde ganhava mais do que o salário mínimo a trabalhar 3 vezes por semana porque resolve ir numa aventura. e o que me chateia mais nem é a aventura, isso eu entendo. o que me chateia é a falta de responsabilidade. eu estava a contar com ela no dia em que ela desapareceu, confiava nela. e agora isto...