Sexta-feira, 11horas da manhã. Surge ao fim de vários meses uma oportunidade de ir a Djabula conhecer o trabalho de desenvolvimento da Fred e Carlota (recém baptizada de fadinha do mato!).
Problema: a amiga e ex-contacto Filipa Simões fazia anos e a noite de sexta prometia… Saída para Djabula, 6 da matina! Djabula? Noitada? Djabula? Noitada? Hummm… ambas! Risco mais uma noite da cama! Durmo depois quando me reformar… Parece fácil de dizer, mas confesso que enquanto preparava a mochila olhei varias vezes para a cama…
Por essa hora das 6 lá estava eu à porta do prédio com uma mochila com água e bolachas às costas, o saco cama numa mão e uma almofada do sofá da sala na outra! Afinal a viagem ia ser na chapa da nissan pick up 4x4 da V.I.D.A.
A primeira hora de viagem, em alcatrão, ainda consegui passar pelas brasas, mas assim que saímos para a picada, os saltos metem-me logo em sentido para mais 2 horas de caminho com várias paragens. Sim, a carrinha, perfeitamente normal no asfalto, assim que entra na terra transforma-se imediatamente em chapa (transporte público) apanhando todos os que viajam no nosso sentido! No momento mais alto, iam perto de 20 almas na carrinha e quase igual número de catanas! É uma questão de defesa – asseguram – e até crianças têm as suas…
O motivo da viagem é acompanhar um especialista em sementeiras ao local onde querem desenvolver uns projectos de desenvolvimento da agricultura (de subsistência) para que a produtividade possa ser maior e assim aumentar os índices de nutrição dos camponeses (estou a falar bem Fred?). Fala-se de espécies melhoradas de feijão nhemba, de mandioca, de amendoim, de milho. Fala-se também de métodos de combate a pragas, da problemática da água (falta dela), da trajectória do sol, de adubos, etc. terminando naturalmente a falar em agricultura biológica. Interessante!
Aproveito para conhecer também o resto do centro, onde a V.I.D.A. desenvolve machambas, um centro de formação, um fundo de fomento com 130 cabeças de gado bovino, um pequeno aviário que luta contra o persistente prejuízo, as futuras instalações de uma “fabrica” de papel feito com fibra de cato, um secador solar para frutas, etc. Ficou por conhecer a escolinha “da” Carlota, mas infelizmente, o meu tempo – ao contrário do de Einstein – não estica.
Espanta-me que o centro esteja construído num local tão remoto, árido e de pobres solos. Um projecto já de si difícil, assim assume dimensões de milagre, mas ao que parece foi o único local onde há uns anos as comunidades locais – desconfiadas que viessem colonizar outra vez – deixaram instalar esta ONG. Agora todos ao redor reclamam direito ao apoio que providenciam…
Vejo também pessoas que andam maratonas todos os dias para ir buscar água, pois onde vivem esta não existe. Naturalmente pergunto: “porque não mudam as palhotas para perto da água e poupam um enorme esforço diário?” não o fazem, porque é ali que estão enterrados os seus antepassados! Grande é para estes lados a força e o respeito pelos antepassados!
Já no regresso, depois de um belo almoço de massa e ovos autóctones a Fred lembra se de comprar 3 sacos de 50kg de carvão… bom, não vos passa o estado em que eu cheguei a casa! PRETO! A poeira do carvão levantada com o vento e pimba… cara, braços e pulmões com ela. Ainda estou a cuspir preto…
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2 comments:
Hei-de ler!!!
és um menino... um post com mais de 3 linhas e já dá muito trabalho...
eu leio os teus, e tb são grandes e maçadores (eh eh eh!)
;-)
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