Tudo isto faz com que a minha velha ansiedade sobre as injustiças do mundo e a desigualdade de desenvolvimento volte aos lugares cimeiros do meu processador cerebral.
Como é que nós conseguimos dormir descansados quando gastamos mais num simples jantar e cinema do que a média anual per capita gasta em cuidados de saúde em muitos países?
Como é possível gastarmos individualmente centenas de litros de água por dia quando no mesmo mundo e no mesmo dia há milhares de pessoas a morrer por não terem acesso a água de fonte segura?
Como é que se gastam milhões em cosméticos num mundo onde há seres humanos a morrer à fome?
Enfim, podia continuar com estas comparações “mediáticas”, mas o facto é que nunca como hoje soubemos tão bem que há muita gente em sérias dificuldades por esse planeta fora e nunca como hoje tivemos tantos meios e tecnologia para os ajudar.
Será que somos todos autistas?
Faziam ideia que menos de 5% das crianças infectadas com SIDA tem acesso a tratamento com anti-retrovirais? Pois é… custam um balúrdio… Há tecnologia e meios para produzir em grande escala e baixo custo. Só falta humanismo por parte das farmacêuticas que não abrem mão dos direitos… Oxalá houvesse por todo o mundo mais pessoal com a garra dos brasileiros que começaram a produzir os medicamentos mesmo sem licença. É certo que as farmacêuticas precisam do dinheiro para financiar a investigação responsável pelos avanços, mas que façam isso com o dinheiro dos direitos dos medicamentos vendidos nos países ricos. Os países pobres, está mais do que provado, não vão pagar o preço exorbitante que pedem e as pessoas vão continuar a morrer… Que raiva…
Bem… vamos lá ver onde é que estas deambulações me levam… pode ser que não venha mesmo a ser o Yuppie que há algum tempo decidi que nunca seria (mas que nos últimos meses, e principalmente durante a fase “contacto” em Lx me aproximei perigosamente…).
O futuro está turvo mas tenho ouvido bastante música africana (Mabulu, Ali Farka Touré, etc.) e sinto-me feliz. Tudo há de correr bem!
Vim a saber pouco depois de escrever as linhas a cima que o Ali Farke Touré tinha acabado de morrer devido a um cancro… uma perda. A “ai du” e a “soukora” saltam imediatamente para a minha playlist e faço uma pausa para as escutar em silêncio.
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