Wednesday, April 26, 2006

prisão na swazi

Fui passar 2 semanas à Swazi em trabalho. Chega o fim de semana e para grande luxo, acordo às 9. Durante a semana o normal era acordar às 6… A minha malta vem me visitar no fdsm, mas enquanto não chegam, decido ir dar uma volta a pé por Mbabane. Só andar pelas ruas, ver o ambiente, sentir os cheiros… bom… fora um centro comercial não há um único cafezinho com esplanada para eu me sentar a degustar um filter coffe (nem expressos há aqui… sniffff…) continuo a caminhar na vã busca pela minha esplanada e passo por zonas que embora aparentemente mais limpas que Maputo, têm por vezes cheiros nauseabundos. Não consigo perceber de onde vem o cheiro, mas volta e meia dobro uma esquina e lá está ele… terrível e sem grande razão aparente. Em Maputo, há lixo pelas ruas, águas duvidosas a escorrer, etc. agora aqui? Aparentemente limpa, Mbabane deve ser de descendência francesa…
Nisto passo uma rua e ainda vou a meio quando começo a ouvir um apito. Olho na direcção do som e vejo um polícia que vem na minha direcção. Apercebendo-me que é comigo, paro e espero para ver o que ele quer. Deve querer ver a minha identificação ou avisar-me de alguma coisa penso descansado. Quando ele está a chegar ao pé de mim lembro-me que deve ser algo relacionado com a máquina fotográfica. Errado…
- “You know sir, in swaziland you can’t cross a street outside the pedestrian areas.
- Really? Sorry, I didn’t knew that. I won’t do it again. Those lines there mark the proper areas?
- Yes.
- Ok! Sorry. (e preparo-me para ir embora, mas apercebo-me que a história não vai ficar por ali) So… what is the fine?
- No fine sir, we are arresting. (por um segundo deu-me vontade de soltar uma gargalhada, mas quando ele me agarra o braço, a força que faz deixa claro que está a falar a sério.
- Really? You are arresting me for his? No way.
- Yes sir, we have to go now.”



E sem mais nem menos, puxa-me pelo braço e enfia-me numa ramona. Imaginem tudo o que tinha na cabeça nesse momento… Quando entro para a carrinha apercebo-me que não era o “tourist trap” que eu pensava pois já lá estavam umas outras 8 pessoas swazis. Em conversa, descubro que por vezes fazem isto. Metem-se à espreita e apanham quem passa fora das passadeiras. As pessoas estão revoltadas, mas mostram-no moderadamente e sempre a ver se os polícias estão a ouvir. Segundo eles, os cretinos dos polícias perdem tempo com isto, a chatear os sérios e trabalhadores, enquanto os violadores e ladrões andam a monte. Naturalmente esta revolta só é demonstrada quando os polícias não estão a olhar… xissa, isto deve ser pior que Portugal antes da revolução…
Pelo caminho ainda consigo tirar uma foto, mas pela reacção dos meus colegas criminosos, acho inteligente estar sossegado e discretamente tirar a bateria da máquina, caso os polícias quisessem ver o que tinha andado a fazer. “nothing you see, the batteries are down.”

Chegados à esquadra (com direito a uns toques de sirene da ramona pelo caminho e tudo!) levamos todos um chá sobre o perigo de não passar nas passadeiras e explicam-nos que temos de pagar 60 emalangeni (moeda local indexada ao rand) de fiança ou então esperar por julgamento que seria segunda feira (2 dias numa prisa africana?? Nahhh…). 60 emalangeni são perto de 10 euros, mas para terem noção, as multas de excesso de velocidade cá variam entre os 10 e os 60 emalangeni. Ou seja, 60 é pesado… Alguns de nós pagam a fiança e recebem um fantástico recibo que descreve a transgressão como: “conducting himself in a manner likely to constitute a source of danger to himself” ok... Aprendi a lição! Aprendi também que quando se tem um passaporte especial (com direitos diplomáticos segundo parece) anda-se com ele… tinha me safo disto tudo se não o tivesse deixado na gaveta da mesa de cabeceira…
Outros não pagam a multa e lá ficam até segunda-feira ou até que alguém lá vá pagar a fiança. E depois do julgamento, caso culpados (quase sempre) ou pagam, ou ficam dentro 30 dias, explicam-me à posteriori na atlas.

10 euros e não tenho direito a que me deixem no local onde fui caçado (tinha o carro lá ao pé). Raios, tenho de ir a penantes…

Com estas voltas todas a minha malta já tinha chegado e vou ter com eles em pulgas por cantar mais esta aventura para currículo.
Almoço e volta turística pela swazi. Fomos ver o Sibebe rock, que segundo os swazis é o 2º maior monólito do mundo, a seguir ao Ayres rock, down under. Estranho… onde é que eu já ouvi isto? Já na Mauritânia me tinham dito que um mega calhau que lá está no meio do deserto (não me lembro agora do nome) era o 2º maior… cada um puxa a brasa à sua sardinha!

À noite decidimos dar-nos ao luxo de ir ao melhor restaurante da swazi! Reservas feitas lá vamos ao famoso Calabash! Empazinamo-nos com um banquete digno da nossa condição de “nata da nata”, “guarda avançada do plano tecnológico”, e outras barbáries que nos chamaram na lavagem ao cérebro que foi o curso intensivo de gestão internacional que tivemos em Lisboa antes de nos espalharem pelo globo e quando nos estávamos a preparar para tremer com a conta, o Luís, dono da Atlas motors (empresa mãe da empresa onde estou a trabalhar) chega-se à frente! Catita!

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