Wednesday, April 26, 2006

Velocidade de cruzeiro

Praticamente passaram dois meses desde que cheguei. Estou a atingir a velocidade de cruzeiro em relação a Maputo. Quanto ao resto do país, ainda… Este fim de semana devemos ir para os lados de Inhambane. Parece que há por lá spots próximos da nossa noção ocidental de paraíso! Há ainda tanto tanto para explorar neste país e arredores!
Quanto a trabalho… bom… Sinto-me uma Alice a cair pela toca do coelho… Why? Oh why didn’t I took the blue pill?
Regra: aparentar estar sempre na boa, mas estar sempre alerta. Bem alerta… a qualquer altura nos esticam o pé e estamos esticados ao comprido pela chão fora.
Africa… mesmo situações banais se podem transformar em grandes problemas… há que estar muito atento e acreditar forte e feio na intuição. Viram o filme “A Interprete”? Com a Nicole Kidman. Há uma cena, quando umas crianças assassinam o irmão dela (filmada na praça de touros de Maputo) em que há indícios que algo vai correr mal... olhares, ambiente… Estão a perceber o que quero dizer? Claro que na cena do filme o gajo é morto e eu estou a falar em situações de uma escala completamente diferente (aliás, outra escala), mas a ideia é a mesma.
Por exemplo no domingo, fomos explorar os arredores da cidade para os lados da costa do sol. Fomos a um mercado de peixe na praia, vimos os locais onde têm andado a filmar um filme qualquer com o DiCaprio e depois entrámos um bocado pelo bairro (perfeitamente pacifico, seguro, etc.). A certa altura uns polícias mandam-nos parar, documentos, etc. e mandam-nos sair do carro. Hummm… ok… começaram a revistar o carro todo e eu no tal estado de aparentemente na boa mas alerta intui algo de estranho nos polícias. Talvez fosse paranóia, talvez não, mas a verdade é que algo me fez ligar o sistema de alerta e fui me pôr a inspeccionar o polícia que estava a revistar o carro. Quando ele viu que eu não estava a dormir (embora eu estivesse com a minha melhor postura de nacional porreirismo a perguntar coisas sobre um outro mercado de peixe, etc.) houve ali qualquer coisa estranha que nós não entendemos e de repente, devolvem-nos os documentos, mandam-nos entrar para o carro e fazem sinal para seguirmos. Hummm… ninguém me tira da cabeça que aqueles gajos estavam para nos lixar e algo os fez mudar de ideias… ou gostaram de nós, ou sentiram que nós estávamos atentos ao que estavam a tentar fazer (esconder droga ou armas no carro, para imediatamente ou mais tarde nos lixarem forte e feio)… confesso que não sei e provavelmente não seria nada disso, mas lá que algo não me cheirou bem, isso é facto. Espero nunca ter de adoptar o discurso de ultimo recurso e utilizar o meu DIRE que me identifica como pessoal da embaixada portuguesa, logo, com direitos de diplomata!

FIM DE SEMANA PROLONGADO!!! Pego no carro para ir para casa e como costume dou boleia a algum pessoal da empresa. Ao deixar dois deles, num daqueles mercados típicos, resolvi sair também para comprar alguma fruta e aproveitar o facto de estar acompanhado de habituées (não sei se está bem escrito) para entrar num mercado onde não entraria sozinho. Comprei uns cocos e de seguida ofereci uma cerveja aos mecânicos que estavam comigo. Foi porreiro estar um bocado ali no meio daquele pessoal, a curtir as conversas e ambiente verdadeiro de Maputo.

1 comment:

Swazi said...

Curioso o seu registro sobre a sua vivência em terras de Moçambique, essa terra e esses lugares da minha infância. O meu Pai ficou até 1986 data das minhas ultimas férias por essas latitudes. Desejo-lhe sorte e se bem que deve manter-se atento em qualquer parte do mundo, descontraia-se e divirta-se.
Cumprimentos